Review fones in-ear

Após um tempão esperando um chinês trazer nas costas minhas encomendas, finalmente lhes proporcionarei um review de dois fones de ouvido in-ear comprados no AliExpress.

Nunca fui afã desses pequenos apetrechos que invadem o crânioover-ear 4 ever! – tive até então apenas uma boa experiência, mas eram fones dum amigo e feitos sob encomenda (em 2009 custavam 600 pilas pra ser feitos com a medida do pavilhão auricular do dono) e o resto foram experiências decepcionantes em termo de qualidade de áudio, uso e construção. Mas queria fones pequenos pra usar na rua durante o percurso do trabalho e pra não estragar as almofadas do meu Sony MDR 10 que tenho de trocar praticamente todo ano por causa do suor, muito menos estragar o Kuba Disco.

KZ-ZS10 Pro

Esse se tornou o do meu dia-a-dia. Ele tem o corpo em plástico moldado com um formato genérico de pavilhão e tampo externo de aço inoxidável com detalhes foscosmuito bonito por sinal – preso por minúsculos parafusos torx.

O cabo é removível e tem opção com e sem microfone+botão com conexão firme e plug em L, porém a qualidade deixou muito a desejarcabo do tipo torcido muito fino, com acabamento das partes plásticas meio tosco e com rebarbas, sei que logo terei de trocá-lo até pelo fato do microfone não funcionar – e o achei meio curto, apesar de não sentir tanta falta de comprimento e não puxar de maneira alguma enquanto caminho por ser bem leve.

A proteção de silicone ao redor da parte do cabo que fica atrás da orelha é uma boa sacada ergonômica

Como sou meio inexperiente no quesito in-ear, percebo MUITO meus passos mas sei que é característico do tipo desses fones, pelo fato dos plugs de silicone estarem enterrados no ouvido. Falando nisso, estes são de ótima qualidade e firmes mas não incomodam nem um pouco, vedando bem o canal auditivo. A peça é até bem pesada mas é tão confortável que nem dá pra perceber o uso.

O som

Munido de um driver só, o ZS10 Pro possui um sistema de crossover para dividir as freqüências e entregar um áudio mais equilibrado e definido. Esse crossover separa os médios e os agudos via pequenos dispositivos (armaduras) que se comportam como alto-falantes tweeter e midrange, deixando os graves para o driver principal e impedindo que sejam geradas distorções ou faça com que o som embole.

Esse tipo de divisor de freqüência também faz com que armaduras utilizem a energia magnética de uma maneira mais eficiente e entregue mais áudio limpo com menos energia. Segundo o fabricante o alcance é de 7Hz à 40kHzbem acima do alcance humano. Com impedância de 30Ω ele é alto pra caralho, nem fodendo coloco isso no máximo.

É comumente associado a esses tipo de fones graves muito altos e que embolam com facilidade, algo que não chega nem de longe a ser verdade nesse caso. Beirando o flat, os graves são muito bem definidos e limpos, têm um quê de subgraves (15 a 25Hz) que dão um ótimo corpo pro somalgo normalmente ausente nos in-ear em geral. Em gravações de orquestra existe aquele “punch” dos instrumentos graves que dão uma presença forte e que mesmo na rua consigo ouvir com clareza.

Os médios são fortes e não embolam nem um pouco, PORÉM com uma GRANDE ressalva: na faixa dos 2kHz os achei estapafurdiamente irritantes (pro meu gosto) e tive de baixar uns 3db em uma curva não muito larga. Ficou perfeito. As guitarras não me pareciam mais caixas de abelha perfurando meus tímpanos.

Já na parte dos agudos, estes bem abertos – parecendo “respirar” muito bem – e com uma bela definição de vozes e pratos de bateria. Não fizeram feio e nem há aquele comportamento ríspido e arranhado de exagero nessa faixa. Pianos soam brilhantes junto do corpo dos graves e médio-graves.

O palco sonoro (a imersão 3D do som, posicionamento dos instrumentos, vozes) é tão bom que o comparo com o do Kuba Disco, que é over-ear. E é um dos motivos de esquecer que estou usando um in-ear.

O KZ-ZS10 Pro é barato se levar em consideração o que ele entrega em som (por volta dos R$180,00) me fazendo até esquecer do péssimo cabo que o acompanha.

QKZ AK6

Comprei por impulso e indicação. Custou barato, MUITO barato (menos de R$8,00 – mas comprei uma segunda unidade por R$26,00 e isso flutua bastante dependendo do dia) e pelo valor fiquei embasbacado.

Feito de plástico barato, o acabamento não me passou tanto a sensação de porqueira que acompanha esse tipo de produto economicamente viável. O cabo não é removível apesar de ter design similar aos modelos que são assim, copiado descaradamente – mas o achei com uma qualidade alguns níveis superior ao do KZ-ZS10 Pro, e ainda tem um microfone, botão e um controle deslizante de volume com aparência barata mas bem bolado. Sem falar na voltinha de silicone na parte da orelha, igual aos fones anteriores e com um par de peças a mais para “proteção extra” – algo desnecessário pra usar com óculos e máscara.

O filho da puta ainda vem com um case bem legal

O som

Não esperaria nada de espetacular dele, e realmente nem achei lá grande coisa.

Mas uma faixa de freqüência me surpreendeu: os médios. Soaram tão perfeitos e limpos que ouvi guitarras que conheço há milênios à frente de todo o resto, mas sem sair do contexto sonoro, coisa de doido. Metais ficaram muito legais, Miles Davis ficou mais macio e maroto do que nunca.

Os graves são profundos e ligeiramente embolados pro meu gosto, porém para 95% da população são muito bons e dão um corpo pra lá de decente ao som. Não percebi subgraves. A Overkill do Motörhead parecia uma metralhadora de canhões.

Agudos me decepcionaram um pouco, não têm aquela amplitude e clareza mas estão lá e não incomodam nem embolam em volume alto – o que achei bom – se ouve mas não chamam atenção. O palco sonoro é bem standard e não é ruim por sinal, acima das expectativas.

Segundo a QKZ os fones têm alcance de 20Hz à 40Khz (nem à pau) em 16Ω, mas nem por isso é mais alto do que o ZS10 Pro. Mas pelo preço, é mais do que satisfatório e pra qualquer pessoa minimamente instruída é uma ótima alternativa para se ouvir música com qualidade decente e talvez, descobrir algum detalhe sonoro que nunca tenha percebido. Vou usá-lo periodicamente para obter uma interpretação diferente do que já conheço.

Author: Eric Mac Fadden