Algo que todos já praticamos desde pequenos é basicamente algo muito comum e inerente ao ser humano. Provavelmente quem não exerceu tal característica, provavelmente possui muito menos empatia pelo próximo, e talvez algum nível de sociopatia.
Não é antropomorfismo, é pura e simplesmente crer que objetos inanimados comuns tenham personalidade ou vida própria. No vídeo até fora utilizado um exemplo do resto do gelo em uma raspadinha, que seria jogado fora sem propósito e apenas se juntando á entropia que faz o universo se chacoalhar.
Dei o exemplo de quando éramos imberbes pois muitos de nós brincavam com parafusos, pedras, folhas ou qualquer coisa que pudéssemos imitar deidades que criavam vida de um sopro ou flato.
Sem contar insetos, quantas vezes galhos bifurcados se tornaram heróis em nossas histórias e, apesar de armazená-los com zelo, acabavam por se perder ou esquecidos em alguma praça da vida. Até lembrávamos de alguns itens como amigos perdidos ou soldados mortos em batalhas. E mesmo assim tínhamos plena consciência do que eram e imaginávamos que fim levou fulano (não você Fulano) e os caminhos que a natureza os levavam.
Agora olhem para seus celulares
Quando um aparelho chega ao fim da vida após bastante uso por muito tempo, não dá aquela sensação de abandonar um velho companheiro? Já não chegamos a mudar de idéia não pelo fator econômico, mas pelo apego emocional de se embutir valores humanos nestes?
Lembram de seus Nokias, Windows Phones ou até mesmo Ericssons com antena retrátil? Há algum resíduo além da nostalgia, por conhecer defeitos, riscos ou uso sem mesmo olhar para sua tela e ficarem agradecidos por ainda sim, funcionarem?

Gente que toca instrumento nem se fala. Além de um sufoco para adquirir equipamentos, também existe MUITO desse fator empático ante às cordas, madeiras, peles e parafusos dos mesmos, principalmente em tempos difíceis. Idem para aquele aparelho de som que funciona desde sempre ou computador velho e consoles. Nostalgia ajuda mas dar uma consciência hipotética à objetos que apreciamos é plenamente normal.
Então não se achem esquisitos ao realmente amar um objeto (de maneira sexual talvez seja válido também, mas não sou capaz de opinar) e lhe dar uma personalidade, e história, pois isso é apenas um reflexo de nós mesmos e de nossas necessidades emocionais.
Acumuladores
Um sintoma de que essa característica tenha extrapolado o bom senso ou o relacionamento saudável com objetos é se tornar um acumulador. Achar que objetos acabam por ser uma extensão de você ao ponto de não se desfazer de coisas, lixo ou dejetos metabólicos já é doentio e tem de ser tratado.
Conheço alguém com este problema – acontece muito após algum trauma ou a perda de alguém muito próximo – e apesar de oferecerem ajuda, nada aconteceu até hoje.

Então pensem com minimalismo nas vezes que necessitam se livrar de objetos. Mesmo sendo seus “amigos” durante tempos difíceis ou “companheiros” do dia-a-dia, temos de uma hora dizer o último adeus e lançá-los à entropia que os dará um destino digno e assim nos conformar de tal.




