O Nirvana foi em sua época desafiador de valores. Enquanto intrigante, sujo e assassino do Hard Rock comercial, Metaleiros ao redor do mundo regurgitavam porque o Grunge tomava conta de rádios e moldava A Geração Perdida™ – a primeira geração realmente depressiva e sem motivação, uns Emos pobres e vulgares que usavam drogas demais e camisa de flanela – mas mesmo assim era a imagem de rebeldia adolescente que sempre precisamos renovar.
O disco Nevermind lançado em 1991 estocou o punhal no peito dos anos 80. Era o segundo disco da banda, com músicas acústicas, punk e depressivas foi um álbum bem variado e que alcançou vendagem e divulgação ímpares – dignos de um Bon Jovi no auge – e um grito de uma geração pobre de Seattle que não conseguia ver futuro à frente. Mas isso que é o Rock’n’Roll: revolta, inconformismo, explosão e também crítica, como era a capa em questão.
O moleque
Spencer Elden foi o modelo da capa. Com apenas quatro meses de idade se tornou uma das imagens mais icônicas do Rock contemporâneo e ilustração de uma crítica às gravadoras ironicamente colocada num sucesso de vendas de uma.
Mas a mensagem da capa diz muito, principalmente hoje. Não por ser algo explícito – como no assunto logo em seguida – mas por seu motivo real e cru: dinheiro.
Depois de tantos anos, o que-não-é-mais-um-jovem-mancebo resolveu processar os espólios de Kurt Cobain, a Courtney Love – esposa de Kurt na época -, o fotógrafo, a gravadora e várias distribuidoras do álbum pelo motivo de confundir arte com uma clara mensagem crítica com pornografia infantil. Um famoso advogado especializado em abuso infantil foi contratado pra GANHAR o processo. É óbvio que irá vencer a causa porque sim.
Não é a primeira vez que capas de discos são polêmicas nesse sentido. Recentemente os Scorpions tiveram a capa original de seu disco Virgin Killer plenamente censurada na Suécia – por ter sido encontrado um disco na casa de um pedófilo – e que na época a foto foi idéia da gravadora, tendo uma capa alternativa lançada em ampla escala posteriormente.
Ou a capa do primeiro disco do Blind Faith:
Mas claro que o processinho em questão é por causa de grana. O pimpolho não deve ter conseguido ser ninguém na vida – o modelo perfeito da Geração Perdida™ – e agora num ato de desespero e vergonha alheia (eu ficaria orgulhoso de poder mostrar o frondoso streptojeboscópio ao natural para as futuras gerações, sem medo de ser feliz) e aproveitando um mundo fraco, politicamente correto e chato onde peidar torto é crime, resolveu ganhar uma graninha da família do presunto, da gravadora, do coitado do fotógrafo e até do cachorro morto da tia de segundo grau do Kurt.
Mesmo assim em 2016 no aniversário de 25 anos do disco ele posou para outra foto na piscina. Se divertiu e achou importante que este momento de cinco minutos para ele foi importante historicamente, até ponderou fazer a foto ao natural:
Eu disse por fotógrafo: “Vamos fazer a foto comigo pelado“. Mas pensou que ficaria estranho e colocou algo.
Spencer Elden
Nem de longe estou defendendo pornografia infantil – vide o ex-guitarrista do Manowar, Karl Logan -, mas as imagens foram utilizadas com dois intuitos: chocar e criticar.
Mas como diz Gene Simmons do Kiss: “O Rock está morto“. Não tiro a razão, pois o mundo atual não pode se revoltar, se rebelar ou criticar senão é errado e politicamente incorreto. Chamar a atenção de maneira correta é mostrar a bunda e tudo ser preconceito.
Logo o Rock terá motivos para se levantar novamente. Acreditem.
Fontes: Louder – The New York Times