Quando você compra um CD (é, aquelas coisas redondas e brilhantes que donas de casa sem ter o que fazer produzem mobiles ou catadores põem nas carroças como refletivo pro trânsito) claramente não lhe dá o direito de ser dono de tudo o que o autor do disco produziu, muito menos aquele em questão.
Adquirindo um livro (aquela coisa que auxilia a lista telefônica a nivelar seu sofá de pallet, já que teve de catar seus móveis em caçambas pela cidade em sua carroça com refletivos de CD), não te faz dono da obra e tudo que permeia seu universo, não poderia produzir um filme sobre nem um spin-off pois os direitos não lhe pertencem. Teria de ser permitido pelos donos da propriedade intelectual.
E aí que entram os heróis dessa história: um grupo de lavadores de dinheiro cripito-entusiastas acaba por comprar uma cópia raríssima de Dune por US$3.04 milhões.
Empolgados com a aquisição de uma maneira exagerada, acabam por anunciar que após batido o martelo, transformarão o livro em domínio público (segundo eles, dentro dos parâmetros da lei), produzirão uma série animada para vendê-la para serviços de streaming e apoiarão criadores da comunidade.
E CLARO que uma das atividades pra lá de jumentas sobre a compra seria a exploração de NFTs, envolvendo o que eu não sei, já que até então os supra-sumo do raciocínio humano sequer desconfiavam que não estavam comprando direitos da obra.
Ok, o plano deles é genial: transformar todas as páginas em NFT e fazer um monte de jpeg substituir o precisoso livro original após QUEIMÁ-LO. Até mesmo o vídeo das aberrações da natureza tostando as insubstituíveis páginas de celulose seria vendido como NFT, os glorificando como os criptoheróis mais burros do Universo Conhecido™.
A cereja do bolo
Os incautos investidores por fim anunciaram em letras garrafais em todo esplendor dos 140 caracteres do Twitter que já estão procurando grupos de mídia prontos para investir mais de 100 bilhões (hahahaha, é, cem bilhões…. hahahahaha) em novo conteúdo.
Saiu até no Financial Times… deixe-os executar o ritual e perceberem quão neurologicamente flácidos foram.
Fonte: IFLScience