Tocar um instrumento além de demandar anos de prática, teoria, mais prática e aprender as músicas, precisa ter algo físico que naturalmente vem junto da coordenação psicomotora: calos.
As calosidades quando se toca um instrumento – normalmente de cordas, mas na percussão também se faz presente – são formadas com muito sangue, suor e lágrimas (não apenas numa roda girando) e ajudam a “parar de sentir” o contato com as cordas ou baquetas, por exemplo, e dar firmeza à execução de cada nota.
Mas essa dedicação vem junto de um gasto enorme com além do instrumento e amplificadores, pratos, peles, cordas, palhetas e baquetas, acessórios para o transporte são essenciais se você pretende receber um trilionésimo de seu dinheiro de volta.
Profissionalmente as cases são ideais para levar de lá pra cá e de cá pra lá seu precioso. Agüentam impactos e até mesmo algumas dão conta de transporte em avião e seus delicados e cuidadosos funcionários de aeroporto.
Mas uma solução barata, principalmente quando você está no início da prática, são as bags. Estes sacos de lixo moles são perfeitos para a destruição de seu patrimônio, mais ainda se for um violão – este naturalmente um dos mais frágeis – que possuem as piores bags feitas pela humanidade, finas como as paredes de um motel construído às pressas e feitas de um nylon vagabundo que se desfaz ao contato com a atmosfera terrestre.
Imagine ter de transportar um instrumento num ônibus dessa maneira? É desejar obter um saco de palitos de dente.
Portanto fica aqui a impossibilidade de eu comprar um case para meus instrumentos – achei um na rua, ao menos uso esse pra sair e tocar, mesmo em estado péssimo – e o ódio compartilhado por todos os músicos que têm de usar esses sacos de cadáver para poder se livrar do prejuízo que é amar a música além de si próprio.