Hoje estamos extremamente dependentes não apenas da tecnologia como um luxo ou conforto, mas também como a maneira que nossa infraestrutura funciona, nos caracterizando assim em vários níveis de civilidade conforme estes recursos.
Um aqueduto poderia parecer absurdo para um camponês em 300 A.C., mas tentem se imaginar sem água ou esgoto encanados. Até mesmo a produção de farinha seria à passo indígena e minúscula, o que nos levaria a não ver a necessidade em estocar grãos em quantidade considerável, já que seu processamento seria mínimo e assim evoluir logisticamente.
Chegamos a um ponto em que apenas ter eletricidade e outros recursos que consideramos básicos não é o suficiente. Criamos uma rede de comunicação que diminuiu a distância entre todos, e com o advento da internet até mesmo serviços foram além de tornados imediatos, automatizados e hoje são como um aqueduto: teremos sempre uma conexão para nos apoiar assim como água que sai de uma torneira.
Agora se água falta, já é um motivo de preocupação pois dependemos do recurso em um nível biológico e hoje não é algo que facilmente se encontra em qualquer laguinho – mesmo porque qualquer laguinho hoje é tão sujo quanto capivara de político carioca – portanto para quem mora em um centro urbano, seria um problema bem inconveniente.
Hoje consideramos a internet um desses recursos vitais, pois nos tornamos artificialmente dependentes de conexão de dados assim como a comunicação à distância – que se faz digitalmente em sua esmagadora maioria – ligando nossos serviços bancários, de trânsito, logístico e até mesmo de infraestrutura como a distribuição de água.
No primeiro mundo
O Japão desde sábado até o final da tarda de segunda-feira passou por uma situação que demonstra nossa fragilidade ante às tecnologias que tornamos tão essenciais para nossa civilidade.
As operadoras KDDI, UQmobile e Povo sofreram um episódio, que segundo eles fora causado durante a instalação de novos equipamentos, de queda em sua infraestrutura celular prejudicando cerca de 40 milhões de pessoas, e a parcela que mais se preocuparam foi a os idosos – já que tem muitos por lá – e obviamente a logística – incluindo a bancária.
Muitos iam diretamente às operadoras afetadas reclamar, mas sem uma solução imediata voltavam frustrados e tendo de pedir para outros o uso de suas conexões para se comunicar quando necessário. Tudo isso para demonstrar que quanto mais avançada a tecnologia, mais sensível e delicada se torna não importando o quão dependentes sejamos dela. Isso vindo de quase três dias de erro humano ou não previsto em uma manutenção.
Imaginem em um catastrófico cenário de uma tempestade solar em que apenas os discos de vinil e cartões perfurados sobreviveriam ao ataque de ondas eletromagnéticas – esta que já ocorreu no final do século XXI por exemplo, onde até os telégrafos “operavam sozinhos” e davam choque enquanto sólidos e confiáveis transformadores torravam à toa – nos retornando de uma vez à era medieval, torrando nossos preciosos e delicados capacitores e bobinas do relógio da parede.
Não temos planos para isso e nem parece querermos ter. Aprendam a fazer fogo e caçar.
Fonte: Digital Trends – NHK