Sem volta

Nesses últimos dois anos a distopia veio forte e pra ficar, disfarçada de tecnologia ou “excesso de cuidado” de governos. Tá foda olhar pra frente sem ver nossa liberdade totalmente capada, e é por isso que me sinto um outcast e sou o chatão que não consegue seguir modismos – acho inaceitável assistir um Shorts ou Reels, propagandas em vídeos ou sites, apps populares e afins – e meu trabalho está começando a seguir essa linha de “raciocínio” deixando de lado conteúdo relevante e se tornando uma fábrica de ads curtos sem alma onde não há um engajamento emocional ou mensagem, apenas números (que são na real, pessoas) onde estes são inflados por gente sem interesse no que mostra, mas se ad é ad.

Isso se tornou inaceitável para qualquer ser racional.

Não que eu não veja desses vídeos no Telegram, por exemplo – o único app de mensagens que usomas são em sua maioria curados por alguém, e assim não consumo isso nesse ritmo doentio de TikTok, Instalixo e outras ferramentas de coleta de dados.

Celular é algo que ando evitando. Comprei um lindo player para audiófilo pra me entreter e não ser interrompido pelo apelo de outrem. Estou cansado de ruído e interrupções, ninguém mais hoje em dia se concentra além de um minuto.

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De acordo com inúmeras pesquisas e estudos, conseguimos em médio ter bursts de oito minutos de concentração em tarefas, então até isso é levado em concentração na hora de editar um vídeo, montar um filme ou programar algo pra TV, com o intuito de se “trocar de assunto” e assim fazer com que a informação seja passada com maior efetividade. Não os ads. Ads são formas malignas de roubo de foco para o consumismo desenfreado e criar uma vontade primal de comprar coisas.

Nisso nos tornamos cada vez mais seres egoístas, individualistas e sem empatia ou respeito, perdendo totalmente o senso de comunidade ou habilidades sociais e pior: depressivos e desesperançosos. Niilismo bate à porta com força em nossa “civilização“.

Às vezes me bate uma vontade louca de parar de pagar internet. Mas muita gente depende de mim (não vocês, que são marmanjos obesos e barbados) e o dinheiro que ganho vem dela. Sou um hipócrita. E a morte da minha arte me frustra cada dia mais, tendo de me render à Katamari de merda que as pessoas consomem.

Sei que já bati demais nessa tecla, mas…

Consuma.

Conforme-se.

Obedeça.

Author: Eric Mac Fadden