Feriado racista

Já aviso, criarei polêmica.

Creio que já deixei claro por várias vezes o que penso de todo esse “destaque para minorias” como uma alegoria que apenas afastam as pessoas umas das outras, e justamente forçar uma diferenciação entre nós é o que gera um preconceito – principalmente entre os menos esclarecidos ou estrelinhas menos brilhantes do céu – e essa sensação de “especial” em algumas situações me sugere um coitadismo que se torna mais preconceituoso do que parece, o que é o caso do Dia da Consciência Negra.

Não sou contra celebrarem uma cultura que surgiu de imigrantes – estes infelizmente forçosamente – e que realmente é parte integrante de nosso dia-a-dia e da identidade nacional, quem esquece o passado é burro e não devemos esquecer de nossas origens e fatos que tornaram o que somos hoje. Porém não acho que seria uma boa idéia que fosse um feriado em si, pois sabemos que há muito preconceito racial ainda e exacerbá-lo é apenas pavio para aqueles que possuem “opiniões extremas” – e atualmente não me parecem ser poucos.

Para um país onde segundo a CEAGESP de Santa Catarina o IBGE os negros são 56,1% da população (quem se considera também, inclusos nesse dado), creio ser balela haver um “dia especial” onde se comemore metade das pessoas do país. São pessoas comuns que pagam boletos, vão pro trabalho, têm filhos (hoje filhes) e tomam uma ceva pra se esquecer do que é viver nessa porcaria, não são diferentes de um branquelo na Bahia, negro maravilhoso no Acre ou descendente de peruanos no Paraná.

Tudo farinha do mesmo saco

Somos todos banânios que se fodem por igual e não vejo nada além disso, mas por causa da polarização dos últimos anos não consigo deixar de pensar sobre os incultos e extremões que por acharem que uma parcela da população seja culpada pelos problemas da vida, como a falta de Nescau ou a inaptidão para se conseguir vaginas – algo que convenhamos, atualmente basta espirrar mais forte numa balada que chove disso, ou numa orgia cacofônica que é o funque e suas vertentes – e qualquer coisa que dêem holofote que não seja de seu agrado ou alinhados com sua rígida e bem arquitetadas cultura caucasiana é uma ameaça. E esse é meu ponto do post.

E se levarmos em consideração as últimas eleições, há uma “minoria” muito revoltada e que normalmente possui idéia pra lá de inconsistentes – o reflexo disso está se tornando o cosplay de Muricah’ nas escolas – portanto acho que ainda haverão muitas atitudes repugnante vindas de pessoas com mente simples, contra outras culturas que de repente, se tornaram mais especiais do que as outras por motivos atuais e não-justificáveis.

Hoje é cuidado com o que se fala, cuidado com o que pensa. Tudo pode e será usado contra você num tribunal. Ou não.

Author: Eric Mac Fadden