Nativos

Tenho um conceito sobre indígenas que é imutável: pessoal na selva vivendo em ocas e da selva sobrevivendo sem depender da civilização. Tem carro, é cidadão. Tem celular, é cidadão. Falou pt-br, dê um CPF e boletos. Pode parecer preconceituoso, mas o que eles têm de vantagens sobre qualquer um de nós, é embasbacante.

Índio é pra viver assim, e ainda ter um vidão porque tudo que aqui se planta, dá. Os colonizadores que descreveram certo.

Agora torná-los “cidadãos” é basicamente apagá-los da história. Não que eu não considere um estilo de vida obsoleto e incompatível com a civilização moderna – algo que talvez o termo “em risco de extinção” seja mais apropriado – porém a partir do ponto que há uma maioria de hábitos do “homem branco” entre eles, creio não haver mais uma tribo e sim uma família com muitos parentes e comportamento peculiar regional.

Nesse contexto, as benesses e vantagens quanto ao considerado cidadão de bem das cidades, zonas rurais e sem vínculo cultural com povos considerados indígenas, são muitas. Os 1,7 milhões de “indígenas” no país podem contar com INSS a partir dos 12 anos de idade, salário-maternidade, aposentadoria, aposentadoria por invalidez (vejam que nesse caso os próprios abandonariam o indivíduo à própria sorte fora da tribo), seguro defeso – para os “pescadores profissionais” na época da piracema – auxílio-reclusão rural (o mesmo, para agricultores), auxílio-doença, bolsa família (!!!) e até mesmo pensão por morte de cônjuge.

Tirando a parte do “obrigatoriamente ter de trabalhar” e pagar impostos, isso aí pra mim é um Gerson de cocar. Sem contar cotas e outras coisas que vão surgindo no caminho, como encontrar pessoas loiras de olhos azuis em quilombolas, segundo relatos de um nobre colega infernal meio ausente dos comentários.

Dado o contexto

Não é incomum após tudo isso, muitos se mudarem pras cidades e perderem completamente os hábitos tribais para viverem como pessoas comuns e civilizadas – às vezes por gerações – e mesmo assim ainda se considerarem “indígenas” apenas para aproveitarem de alguns dos direitos que a civilização os deu, como participarem de ONGs e outras organizações para obterem vantagens sobre o resto dos reles civis.

Num caso claramente absurdo desse tipo de apropriação cultura reversa, recebi uma notícia sobre uma “indígena” que em um restaurante sofreu um acidente com uma chapa de fondue ao comemorar suas formatura no opressor curso de direito idealizado pelo homem branco – fondue, indígena, viram aonde quero chegar? – onde chegou a sofrer queimaduras graves e está em coma por conta disso em um pobre hospital. Triste, poderia acontecer com qualquer um de nós das cidades civilizadas, potencialmente alguns até com feições similares às dos índios nativos, mas jamais tão similar quanto ás robustas feições originais da pobre coitada que se queimou num restaurante civilizado:

Gaúcha e considerada da etnia Kaingang, a mesma que se formou em direito, era diretora do DCE (tipo um pré-sindicalismo para estudantes se acostumarem) e integrante da Upei (União Plurinacional dos Estudantes Indígenas), me parece realmente uma nativa que acabou de ser arrancada do seio da mãe natureza para terminar injustiçada em uma instalação opressora que por coincidência servem refeições de origem européia (também opressora) e que talvez tenha um triste fim se não se recuperar com escaras malignas causadas pelo povo civilizado.

Ao menos ainda poderá contar com sua isenção do imposto de renda se passar por isso. Força Jaqueline Tedesco (nome tradicional Kaingang)!

Author: Eric Mac Fadden