Pique

Nos matamos pelo trabalho. Nos matamos pela família. Nos matamos por qualquer um achando que valha a pena o esforço. Mesmo assim o ímpeto de seguir em frente se esvai em devaneios procrastinantes durante o dia com a rotina obrigatória, eis um sinal que algo está muito errado.

Tudo parece certo apesar do excesso de trabalho habitual, afinal o ano já começou e o desespero que patriotários e iludidos tiveram – os que conseguiram se manter no emprego ou que não foram presos – não passaram de uma marolinha, pois a mandioca é inevitável independente do que achem. IPVA, IPTU, TOMANOCU todo mundo já pagou ou está nos planos porque é o que fazemos como bons humanos adestrados que amam seus boletos e faturas. Não pode ser isso, já temos os calos na bunda.

Alimentação afirmo com veemência ser um fator determinante quanto à falta de energia pras coisas: no começo de 2020 iniciei um processo de desintoxicação de farináceos e doces e absolutamente TUDO estava ótimo, dois meses de autocontrole e permissão pro macarrão dominical concedida. Açúcar em excesso não nos faz nem um pouco bem. Mas aí em março iniciaram alguns procedimentos nacioanais que derrubaram qualquer boost de serotonina ou esperanças de um futuro. Mas creio que isso tenha acontecido com todo mundo também.

Musa

Aí um campo etéreo e basicamente metafísico que só funciona de certa maneira, individualmente e na maioria das vezes aleatoriamente ou quando menos esperamos.

É aquele momento que se faz uma anotação num guardanapo, no celular, ou que ficamos martelando algo pra não esquecer, pois e idéia é ótima. Mas mesmo sumindo da mente nos sentimos mais inspirados por ter tido a idéia do que ela em si, injetando hormônios na cachola e gerando combustível para encararmos quaisquer obstáculos à frente, não importando sua dificuldade.

Muitas pessoas têm esse boost ativado a maior parte do tempo – dormem pouco e sua vida é extremamente agitada por opção – e as invejo, pois conseguem fazer seus projetos na vida funcionarem, abandonando poucos objetivos. Mas ser um complecionista e não possuir tal pique é frustrante. Querer fazer tudo em pouco tempo e não ter aqueles momentos que apenas contemplamos o nada para achar tal sensação e então, executar algo.

Procrastinação

Algo que quando se perde o giro é executado com maestria, em todas suas vicissitudes a perda de foco é a fuga mais provável e inescapável.

Começa o dia abrindo uma aba pra um certo site de amenidades inúteis, depois engrena-se numa conversa acalorada sobre bacon, a fome surge. Levanta e vai à geladeira/dispensa. Come. A tarefa está lá e você se acha pronto, mas não está. Então pega o celular e os sedutores apps com vídeos e postagens inúteis preenchem facilmente um tempo enorme do dia.

Porra, passaram-se duas horas nisso.

O trabalho chama, você atende alguém, digita uma linha, mexe nuns números, envia um print, email… e sem perceber está há 10 minutos na frente dum monitor sem fazer nada pensando que desperdiçou sua vida toda e… BLAM! Isso foi há uma hora.

Tá, vamos exercitar nosso social no Disqus de novo, só comentar algo, rir de outra coisa, mandar uma imagem um meme um link… BLAM! É hora do almoço.

Não há muita coisa pra fazer essa semana, não há nada demais em me recompensar com uma folga durante o trabalho. Só mais um meme depois do almoço e BLAM! É hora de voltar pra casa. Você não executou nada no dia.

Projetos

Nos enchemos deles, achamos que iremos completar todos mas quando acontece com um, é basicamente um milagre. Não somos os superativos supracitados, somos normais – ok, comuns, algo assim – então nos tornamos nossos próprios inimigos quanto a possuir a vontade de seguir com alguma idéia.

Como esse post. É um exercício para retornar à criatividade, ao desenvolvimento complexo de idéias e enfim, voltar à ativa como antes, pois andei muito displicente com o conteúdo. Além disso me ajuda no trabalho, pois se torna uma rotina criativa para resolver problemas ou manufaturar situações e sensações, pois tenho de gerar alguma reação ao telespectador. E gerar alguma reação em mim.

Os projetos servem para dar propósito, muitas vezes é este que nos falta e que acaba ocasionando todas as situações acima. Então aprendi a não me frustrar mais com os inacabados, pois sei que na hora certa terei energia pra completar os certos.

Mas divago…

Author: Eric Mac Fadden