CONTOS DA CRYPTA

Temos na excelentíssima capital paulista da virilidade uma praça onde headbangers, rappers, bêbados e mais bêbados se encontram. Não só daqui, como das cidades adjacentes (Hortolândia e Sumaré). Uma bela noite, estávamos escutando Falcão numa Brasília Bege (a saudosa Valdirene, quantos incêndios, quantas alegrias…) próximo à praça, e ouvimos falar que uma galerinha juntou R$120,00 pra comprar um bolo e levar pro Tranca Ruas no cemitério (sinceramente, não sei nem o motivo disso).

Era um pessoal das adjacências urbanas, que mesmo sendo mais bronzeados, insistiam em usar sobretudos debaixo de sol no verão… Decidimos então, segui-los ao longe (de carro, claro) pra pregar-lhes uma peça…. e eles levando o enorme bolo pelas ruas

O cemitério fica ao lado de um (extinto há um ano) Extra 24 horas, que nos provia suprimentos para as longas e tenebrosas noites no mortuário. Eis que decidimos a empreitada: adquirir gasolina e papel higiênico (grão 40) e o resto a imaginação sugere na hora.

Nós sabíamos de uma entrada pelos fundos, pulando num ponto de táxi. Nos esgueiramos pelo túmulo das crianças (sabíamos andar até de olhos fechados por lá) e vimos umas velas acesas e um monte de vulto preto de preto (whaaaaat?).

Encharcamos um rolo com gasolina e acendemos…..

A bola de fogo zunia no ar em direção aos nosso amiguinhos macumbeiros/metaleiros/pagodeiros/do mal. A gritaria e o corre corre era geral, de trás dos túmulos saíam os casais praticantes de coito macabro e o pessoal correndo em direção do muro.

Defecávamo-nos em lágrimas de tanto rir (conhecida como risorréia ou A Fantástica Fábrica de Chocolates), enquanto arremessámos mais artefatos flamejantes às pobres almas.

Isso foi num sábado, no outro ouvíamos histórias de que os demônios estavam se comunicando no cemitério, ou que exus passavam sobre as cabeças das pessoas festejando a oferenda do bolo. Sim, rimos muito às custas do candomblé satânico de Hortolândia durante um bom tempo. Ouço falar nessa história até hoje. Devido ao nosso plano de dominaç…. quer dizer, escárnio, aumentaram os muros do cemitério e cadastraram os religiosos.

Não obstante um de nossos amigos próximos – este não participou da peripécia – pouco tempo depois ironicamente se tornou coveiro concursado do mesmo cemitério por mais de dez anos.

Texto recuperado dum email pro MRJ e atualizado.

Author: Eric Mac Fadden